terça-feira, 30 de novembro de 2010

Saudade verde

Saudade verde

Rio de Janeiro, 13/04/2009

Houve um tempo
     em que no Mercado
          a sacola era de papel
               e depois virava saco de lixo.

Houve um tempo
     em que cada bisnaga
         era enrolada numa folha de papel
               e amarrada com barbante.

Houve um tempo
     em que nas festas
          todos os pratos e copos eram de papel
               E a diversão era a mesma.

Houve um tempo
     em que as sobremesas
          eram frutas frescas
               e o sabor era saudável.

Houve um tempo
     em que na feira
          usavamos bolsas de sisal
               e a compra chegava em casa igual.

Houve um tempo
     em que biscoito
          vinha em lata
               e a lata virava brinquedo.

Precisamos muito deste tempo.
Precisamos muito que este tempo volte!
Daniel Braga

domingo, 28 de novembro de 2010

Filosofia de bar

Filosofia de bar
Rio de Janeiro, 25/11/1996

O tempo só nos deixa uma boa opção:
de viver o que pudermos
para assim sonharmos que
cedemos ao tempo uma opção:
passar apenas


Daniel Braga

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Falar...

Falar...
Rio de Janeiro, 04/03/1993

Da única mulher que amei
            E que ainda amo sem parar
            Mesmo sabendo que o que sonhei
            Nunca irá se concretizar.
            Que um castigo sem querer elaborei
            Para agora lembrar
            Dos momentos que passei
            E que irão se eternizar
            Junto com a tristeza que ganhei
            De ter uma distância a me separar
            E que mesmo assim estarei
            Sempre pronto a lhe amar.

Daniel Braga

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Experiências

Experiências
Rio de Janeiro, 22/04/1991

Andando,
Vivendo,

Tu andará.
Tu verá.

Tu anda.
Tu vê.

Tu andou.
Tu viu.

Guardas!
Não esqueces!
Andas!
Vive!

Daniel Braga

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Análises

Análises
Rio de Janeiro, 05/01/1990

“Penso, logo existo”

            Será verdade?

            Tento imaginar, se para existir
                        necessita pensar?

                        Pense agora

            Você existe?

            E existe sem pensar?

            E as pessoas que existem
                                    sem pensar?

            Aquelas que existem apenas?

            Realmente existem?

            Existem. pois habitam um mundo
                                    em que pensar, atrapalha.
           
            Um mundo que não têm lugar
                                    para os pensantes,
           
            pois quem pensa,
                                    existe.
           
            E quem existe,
                        pensa se quiser.

            Desculpe,
                        por pensar.

Daniel Braga

sábado, 20 de novembro de 2010

Pequeno Sonho

Pequeno Sonho

Rio de Janeiro, 23/08/1999

Agora sim entendo
o que é sonhar.

Quando te vejo sorrir
com as badaladas
do sininho.

Quando te vejo se esconder
cheia de charminho
quando brinco com você

Quando te vejo se desafiar
querendo ficar de pé
sem ter medo de cair.

Agora sim entendo
o que é sonhar.

Quando te vejo dormir
em meus braços
e te admiro.

Quando te levanto às alturas
e vejo teus olhos
curiosos brilharem.

Quando te vejo ser disputada
pois é só simpatia,
pois é só você.

Agora sim entendo
o que é sonhar.

Sonhar contigo,
brincar contigo,
sorrir contigo.

Te amo e entendo
o que é sonhar...

Daniel Braga

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Divagando pelo caminho

Divagando pelo caminho
Rio de Janeiro, 19/11/2010

Maldita lâmina,
adaga da dúvida,
que rasga a alma,
sangra fundo.

Queria muito
ser o pregador da parábola
mas tenho pedras
em minhas mãos.
Delas escorre sofrimento.
Delas emana solidão.
Delas pinga o escárnio.
Delas chora a disilusão.
Elas pesam muito
pelos meus pecados
de então.
Não consigo largá-las
e vejo meu nome
ao longe
escrito no chão.
Triste destino.
Horrível sensação.
Devo me retirar
e voltar ao caminho.
Não me cabe julgar
e gostaria que não
me coubesse sentir.

Maldita vida,
eterno tormento,
jogada pelo caminho
como poeira ao vento.

Daniel Braga

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Saudade

Saudade

Rio de Janeiro,05/03/1999

Saudade
Do tempo em que sentia um vazio.

Sim, saudade.
De quando meus olhos
choravam palavras
que molhavam o papel
e me sentia aliviado
por ter chorado.

Sim, saudade.
Do coração puro
e do sonho.
Das noites acordado
e das manhãs sozinho.

Sim, saudade.
De ser adolescente.
De estar só
e esquecer que há de se viver.

Daniel Braga

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Deserto de nossas vidas

Deserto de nossas vidas
Rio de Janeiro, 17/11/2010

A vida é como o deserto.
Não existem estradas
nem tampouco pegadas.

O vento apaga tudo
e não deixa histórias.
De dia, o sol queima
causticante ilusão.
De noite, o frio
introspecta reflexão.
O clima da vida,
feroz e indomável,
nos testa sempre.
Somos lagartos.
Somos escorpiões.
Somos cobras.
Vivemos pelo momento.
Vivemos pelo alimento.
Almas famintas.

A vida é como o deserto.
Não existem estradas
nem tampouco pegadas.

Daniel Braga

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sonho de sonho

Sonho de sonho

Rio de Janeiro, 12/12/1997

Muitos foram os pesadelos
das frias noites passadas
e muito longo
o tempo
do descanso.

Exaustos
sonhamos coisas mil,
boas e ruins
e já não sofremos
como antes.

Somos mais sem saber
o que somos realmente.

Acordamos de repente
e vemos o sonho continuar,
a realidade é o sonho,
e sorrimos.

Sonhamos acordados
com realidades futuras.

São como aventuras
de piratas e corsários.
Achar tesouros
em ilhas esquecidas
e sonhar.

Vamos dormir
pois já estamos cansados
de tanto dormir…

Daniel Braga

domingo, 14 de novembro de 2010

Sentença

Sentença

Rio de Janeiro, 11/02/1998


Seremos culpados
por não saber viver
e não entender a vida.

Seremos culpados
por tentar em vão
sem nada aprender.

Seremos culpados
por perdoar aqueles
que não nos ensinaram.

Seremos culpados
por sentir a essência
viciante do amor

Seremos culpados
por não falar
e por não se calar.

Seremos culpados
por algum dia pensar
que não vale a pena sonhar.


Daniel Braga

sábado, 13 de novembro de 2010

Menina

Este foi o meu primeiro poema.

Menina
Rio de Janeiro, 07/04/1989

Olhar para ti é por demais perigoso,
pois num simples olhar,
o véu de teu encanto,
cai sobre mim.

Por mais que tente,
fugir é impossível.
Tudo o que sinto,
está mantido em silêncio.

Sofro muito,
mas isso se extingue,
quando apenas
te vejo.

Realmente,
olhar para ti é por demais perigoso.
Daniel Braga

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mapas

Mapas

Rio de Janeiro, 05/08/1992


Vivendo estes momentos
Nem chorar eu consigo.
A dor já foi suplantada.
O que existe é um vazio,
Que dói muito.
O pensamento de que já houve felicidade
Alivia as mazelas deixadas.
Só me resta viver tentando esquecer
O que eu nem consigo lembrar.

Daniel Braga

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Contador de Histórias

Contador de Histórias
Rio de Janeiro, 06/02/1997

No início era a música,
deus ouviu
e a tudo criou
e quando nos viu
nos mostrou
que segredos existiam no espelho,
que poderíamos mudar o mundo
e sob sua proteção
reaprendemos tudo
como crianças.
Sua mão nos guiava.

No início era a música
e então fez-se o verbo.
E deus então falou
e as mil vidas
viveu.
Nós vemos com nossos olhos
mas eles nos enganam.
Não sabemos tudo,
somos chamas de velas,
divinas luzes,
na escuridão sagrada de um deus.

Com a música e o verbo
nos contaram algumas histórias...
Daniel Braga

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Atlas

Atlas
Rio de Janeiro, 04/11/2010

Os ombros estão pesados
mas não sei porque,
não vejo nada.

O sentimento de liberdade
se foi completamente
sem que eu visse.

Só me sinto preso
amarrado num lugar
que não queria estar.

Rostos conhecidos
sem emoção
nem amizade.

Só existe o frio
e a vontade de
sumir para longe.

Depressão maldita
que pesa nos ombros
sem se mostrar.

Sou Atlas e não vejo o mundo.

Daniel Braga

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sonhos

Sonhos

Rio de Janeiro, 18/11/1989


O pensamento sobe às nuvens;
as nuvens acabam por se precipitar;
precipitando, a realidade tomba;
tombando, os sonhos aparecem.

Ao aparecer, a imaginação se ativa;
ativando-se, tudo pode ser criado.
Criando mil e umas possibilidades,
possibilidades que por fim chegam a um só fim.

Fim este que é a realidade.
Realidade dolorosa,
que foge a imaginação.
Daniel Braga

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cegos sem arca

Cegos sem arca

Rio de Janeiro, 04/11/2010

Só hoje observei
que existiam muitos olhos,
que vivíamos vigiados,
que não estávamos sós.

Agora vejo
que o maior erro
foi acharmos que tínhamos
o controle de tudo.

Nunca esperei entender
mas observo do alto,
da gávea do caráter,
lugar de poucos.

Não sinto raiva
ou mesmo ódio.
São pessoas gritando por ajuda
e rezo por eles.

Muito devagar
construí minha arca
e em breve veremos o dílúvio
que lavará nossos pecados.

Que a luz da retidão
os banhe e ilumine
pois o caminho reto
não é fácil.

Iremos viver
tempos difíceis
mas estamos juntos, sempre
e fomos escolhidos.

Só agora percebi
que eles não vêem o exemplo
quando deveriam olhar.
Cegos sem arca.

Triste o fim
dos que ignoram o caminho,
dos que vivem em sombras,
dos que não querem o bem.

Daniel Braga

domingo, 7 de novembro de 2010

Ser

Ser

Rio de Janeiro, 12/02/1998
Sou assim,
não há mistérios
ou segredos.

Sou assim,
tão simples
que se torna complicado.

Sou assim,
e questiono o mundo
e a mim mesmo.

Sou assim,
e ainda tento
mudar sem medo.

Sou assim,
e não conhecia
o que realmente era.
Daniel Braga

sábado, 6 de novembro de 2010

Cabelos grisalhos

Cabelos grisalhos

Rio de Janeiro, 03/11/2010

Meus cabelos grisalhos
Elegantes cicatrizes
Marcas da vida

Avançam impiedosamente
Guerra silenciosa
Marcas do tempo

Charme maduro
Dissonância de cor
Branco no preto

Verdades esquecidas
Prêmios conquistados
Testemunhas oculares

Medos arredios
Lágrimas caídas
Dores ancestrais

Sigo apenas
penteando meus cabelos
sem pensar em nada mais...

Daniel Braga

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Certos dias

Certos dias
Rio de Janeiro, 05/11/2010

Certos dias
amanheço nublado.
O vento frio
da tristeza
corta a alma
que se encolhe em si.
Os desejos
viram sofrimento
e os sonhos
doem como ferida aberta.
Neste dias
melhor sumir.

Nestes certos dias
eu amanheço nublado...

Daniel Braga

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Perguntas sem respostas

Perguntas sem respostas

Rio de Janeiro, 11/10/2010

Algumas perguntas
nunca terão respostas
e seremos obrigados
a viver para sempre
como o vazio de nossas dúvidas.

Dúvidas ardilosas
que corroem nossas almas
buscando consolo
em nossa dor
destruíndo todos os sentimentos.

O que nos sobra é o caráter.
Força motriz da vida
que nos impele a continuar
mesmo sem rumo,
sobrevivendo apenas.

Triste documentário
de uma vida desperdiçada.
Os entulhos dos sonhos
ficaram para trás
numa cena patética e desolada.

A poeira de nossos sentimentos
o vento leva impaciente
e o frio da solidão
nos fecha em devaneios
de uma simples lembrança quente.

Mas nunca teremos certeza
e viveremos para sempre no vazio
de nossas perguntas sem respostas.

Daniel Braga

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Pão

Pão
Rio de Janeiro, 03/11/2010

Curinga culinário,
amante perfeito,
traidor amado,
tratante disfarçado.


Empresta teu sabor
mestre seleto
presente em quase tudo
seja o que for.


Leva teu gosto
Faz magia
Empresta teu posto
traz nostalgia.


Simples,
único,
eterno,
sublime.


Pão, tu és pão!
Daniel Braga

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Angústia

Angústia
Rio de Janeiro, 07/10/2010

Pensar continua sendo minha prisão.
Tormento eterno dilacerante.
Saudade angustiante que corta o peito.
As lembranças são trapos agora.
O tempo corre e não tenho forças.
São muitos degraus na vida.
E a música toca ao fundo.

Sou Dante no Inferno
mas não existe Beatriz
nem Virgílio.

Daniel Braga