sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Deserto de mim

Deserto de mim
Rio de Janeiro, 28/09/2011

Não achei referência ao fotógrafo.
Acordei seco
de sentimento.
Folha morta, graveto.
Secura de emoção.

Terra batida.
Arrasada.
Rachaduras da vida.
Erosão.

Hoje nada brota
deste deserto
nem mesmo espinho
nesta vastidão.

Sol que castiga
sem dó nem perdão.
Deserto da vida.
Secura do coração.

Semente teimosa
pode tentar brotar
mas antes disto
precisará esperar.

Pois água não se vê
e a muito então
nem nuvem pelo céu.
Que lindo azulão.

Beleza do deserto.
Memórias que se vão.
Poeira e vento
passeiam pela solidão.

Acordei seco
de sentimento.
Folha morta, graveto.
Secura de emoção.

Daniel Braga

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Uma boa cerveja

Uma boa cerveja
Rio de Janeiro, 29/09/2011

Não achei referência ao fotógrafo.
Sentado no bar da vida
pedi uma boa cerveja
fermentada de solidão.
Uma amargura inicial
com aroma forte de coragem
balanceada em fé
me embriagando docemente.

Garrafas sem fim
onde misturo os fatos da vida
que decantam de minha mente.
Leve torpor de melancolia
queimada pela vontade de viver
deixando um bom colarinho
branco de paz.

Gostosa cerveja
apreciada em cada gole
Servida em copo congelado
onde brinco e rabisco
sonhos e desejos
que somem com o tempo
que apesar de tudo nos aquece.

Daniel Braga

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Quem vai saber?

Quem vai saber?
New York, 22/09/2011



Não achei referencia ao fotógrafo.
Como imaginar
voo tão alto?
Como saber
dos momentos da vida?

Oportunidade
única e primeira.
Sentimento
leve e saudoso.

Sorrir ao vento
vendo o tempo brincar.
Olhar ao redor
sabendo como agradecer.

E uma velha pergunta
do tempo de moleque
resolve então aparecer...

Quem vai saber?

Daniel Braga

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Irmandade

Irmandade
Rio de Janeiro, 20/09/1990

A primeira,
            como uma bonequinha de porcelana, é.
            Que não pode ser sempre tocada,
            só observada.
            É a primeira,
                        por ser a caçula.

A segunda,
            como uma flor, é.
            Igual a flor do Pequeno Príncipe,
            cultivada com amor.
            É a segunda,
                        por ser a do meio.

A terceira,
            como o mar, é.
            Um lindo mistério,
            a ser descoberto.
            É a terceira,
                        por ser a mais velha.

O quarto,
            Um irmão é.
            Um homem em quem confio,
            e que ajudarei pela minha vida.
            É o quarto,
                        pois é homem.

Formam, comigo, a Irmandade,
confraternização unida pela
amizade e amor.

Daniel Braga

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Dias chuvosos

Dias chuvosos
Rio de Janeiro, 15/09/2011


Não achei referência ao fotógrafo.
A chuva cai leve
como o choro da alma
molhando o que toca
e chegando nos recantos
escondidos da vida.

A chuva lava tudo
enquanto passa
para bem ou mal
revelando, cruel
sonhos e a realidade.

A chuva toca alguns
molhando o espírito
regando um peito seco
na simples esperança
de ver algo brotar.

A chuva acaba uma hora
e o sol toma a cena
trazendo luz a tudo.
Mas no fundo sabemos
que a nuvem está lá.

Alguma hora é certo
a chuva cairá de novo.

Daniel Braga

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Acampamento de mim

Acampamento de mim
Rio de Janeiro, 13/04/1997

Eu entendo
porque adoro acampar,
só tenho a mim
e só posso contar
comigo.
Lá sou rei
e vassalo.
Lá estou só
e vivo.
Mas será que a vida
é como um acampamento?
Será que sempre
vou me deitar
em meu saco de dormir?
Não busco alguém
que não conheço
e isto é certo,
mas não procuro
quem encontro
e isto é errado.
Talvez eu tenha
de sair da minha barraca,
e ver o sol.

Daniel Braga