sexta-feira, 27 de maio de 2011

Um dia de chuva

Um dia de chuva
Rio de Janeiro, 27/05/2011


"Rain in Maslovka Street" by Pavel Rubinskiy
Hoje senti a chuva
e como um carinho,
carinho de Deus,
ela tocou meu rosto.

Suas pequenas gotas
como alegres crianças
brincaram de escorregar
descendo uma a uma.

Como boas lágrimas
eu chorei sem querer
e senti minha alma
ser lavada devagar.

Benção divina e matinal
a chuva veio sem medo
e a tudo lavou
e a tudo tocou.

Hoje senti a chuva
e como um carinho,
carinho de Deus,
ela tocou meu rosto.

Daniel Braga

sábado, 14 de maio de 2011

Tulipas sem sentido

Tulipas sem sentido
Rio de Janeiro, 04/05/2011
Não encontrei referência ao fotógrafo.
Não me embriago mais.
Não sinto nada.
Tudo o que bebo
não me entorpece.
Sou apenas uma sombra
perto de um copo vazio.
Conto tulipas sem entender
como o álcool não consegue mais
revelar as verdades de quem
um dia amou demais
mas não soube cuidar
e perdeu tudo.

Daniel Braga

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Renata

Renata
Rio de Janeiro, 18/03/1991


Abstract Woman Painting by Norman Engel
 Por você,
            o coração sentiu
                                    a chama.

Por você,
            o corpo sentiu
                                    a inquietação.

Por você,
            o tempo aumentou
                                    e a senti.

            Após isto,

Com você,
            o tempo é insignificante.

Com você,
            o momento é contínuo.

Com você,
            o amor é eterno.

Daniel Braga

domingo, 8 de maio de 2011

Mãe

Mãe
Rio de Janeiro, 19/08/1989



Sabes de tudo.
Sabes mais que tudo.
És asa protetora.
És a segurança,
quando existe medo.
És o carinho,
és a palmada.

Tudo isso
porque és
MÃE.

Daniel Braga

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sonho de Contador

Sonho de Contador
Rio de Janeiro, 07/04/1997

Autor não relacionado. Obtida pela Internet no blog Scenic Route Snapshots.
São monstros,
guerreiros,
princesas,
desafios de histórias mirabolantes.

Cenários criados,
situações,
vidas,
expectativas sem controle.

Tesouros escondidos,
lutas,
visões,
entre o bem e o mal.

Só não é real,
torturante,
sádico,
e o tempo não existe.

São tropeções,
homens,
mulheres,
desafios de histórias mirabolantes.

Daniel Braga

terça-feira, 3 de maio de 2011

Becos da vida

Becos da vida
Rio de Janeiro, 03/05/2011


Copyright by Markus Senn (2003)
Momentos estranhos
nos levam a becos,
becos da vida.
Encurralados buscamos
encontrar uma saída
tateando pelas paredes,
desesperados por continuar.

Mas devemos entender
que o beco é uma lição,
ele só tem uma saída.
Momentos diferentes
em que caminhamos para trás
buscando reencontrar
a estrada que estava ali.

Alguns nunca conseguirão
voltar ao caminho.
Outros terão a calma
de olhar para trás
e saberão voltar
sem jamais esquecer
que estiveram ali.

Não interessa o tempo.
Não importa a vontade.
Sempre entraremos nos becos
para aprendermos algo a mais.
Momentos estranhos
nos levam a becos,
becos da vida.

Daniel Braga

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Loucura do gárgula

Loucura do gárgula
Rio de Janeiro, 09/12/1996

Foto Gárgulas por João Emanuel Dias Sampainho
            I.
Não deveria ser assim.
Não deveria pensar assim.
O que penso é piada.
Meu nervoso é chacota.
Minha vida não é assim.
Cada batida da música
um novo instante
e só sofro.
Vejo a tudo o que quero
e o que não quero
e só sofro.
Não deveria ser assim.
Mas já não posso fazer nada.

            II.
Como um feixe de luz
o tempo se faz
longo e contínuo.
Redundâncias cansadas.
Pensamentos confusos.
Cada encontro um medo.
Cada medo um tijolo.
Mais um cadeado.
no baú de mim.
Já não o abro mais a ninguém.
E vivo só.
Como um animal acuado
pela minha própria loucura.

            III.
Tenho críticas a mim mesmo,
mas não às faço muito.
Minhas atitudes e erros
repetem-se teimosamente.
Minha pressa e pedantismo
de achar que tenho
a verdade de tudo,
sem saber que não
tenho nada.
Não sou velho,
só não penso como um
jovem.
Como deveria pensar?
E escrevo, só.

            IV.
Sou muito louco
e tenho plena noção disso.
Precisei passar fome
encostado em um hospital
para ver que sou diferente.
Tenho uma alma delicada
em um corpo bruto.
Ilusão para mim mesmo.
Estou sempre tentando esconder
minhas fraquezas.
Não sei falar.
Só escrever.
E não falo, só.

Daniel Braga