segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Chuva fina

Chuva fina
Rio de Janeiro, 31/10/2011


A chuva por Juliana Sheid

Chove na cidade,
chuva fina,
gota,
lágrima.
Choro que teimo
não verter.
Emoções perdidas,
momentos de um talvez.
Cenas cortadas.
No peito ecoa
um grito abafado
que nunca será ouvido.
Me resta apenas
sentir a chuva fina,
pranto da alma,
que pela previsão
é apenas o prelúdio
de um novo tempo.

Daniel Braga

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Poeira ao Vento

Poeira ao Vento
Rio de Janeiro, 26/10/2011

Não achei referência ao fotógrafo.

Sou como poeira ao vento
levado pelo sabor da vida
sem rumo, nem prumo.

Mas o vento é sábio
e a cada lufada
transforma, cria e muda.

Alguns momentos no céu.
Em outros no chão.
Mas sem nunca parar.

Antes eu tinha medo
mas agora entendo
que o vento é bom.

Que me leve então
onde desejar e quiser
pois estarei bem.

Sou como poeira ao vento
levado ao sabor da vida
e agora tenho o norte como rumo.

Daniel Braga

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Paleta de pintura

Paleta de pintura
Rio de Janeiro, 25/10/2011


Paleta Shokichi Takati.

O que fazer
quando olhamos
e só vemos
tons de cinza?

Tudo está colorido
e o mundo segue bem
mas dentro de nós
as cores se misturaam.

Quem vai entender
esta paleta?

Daniel Braga

sábado, 22 de outubro de 2011

Balanço da vida

Balanço da vida
Rio de Janeiro, 21/10/2011


Não achei referência ao fotógrafo.

A vida tem sido
uma severe professora.
Suas lições hoje
me fazem refletir
que vivi um passado
galgado em ignorância,
soberba e luxúria.
Recomeço minha vida
sem tempo de viver
aproveitando o que sobrou.
Meu legado eu sei
é o triste exemplo
do que não dever ser feito.

E o saldo final, ironicamente
não viverei para entender.

Daniel Braga

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Filme sem cortes

Filme sem cortes
Rio de Janeiro, 19/10/2011



Não achei referência ao fotógrafo.
Hoje o desânimo me atacou
forte e sem aviso.
Incompetência da vida.

Antigas imagens
de um velho filme
que não quero lembrar
voltam vivas
como só o ontem
consegue ser.

Maldita seja então
a versão do diretor
sem cortes nem edição
mostrando em cores vivas
as cenas sem perdão.
Um inútil documentário.

E os erros foram muitos
para agora me mostrar
que preciso rever tudo,
conceitos e atitudes,
pensamentos e ações,
pois ainda há algum tempo.

Hoje o desânimo me atacou
forte e sem aviso
e me fez pensar sobre a vida...

Daniel Braga

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Encontros pela vida

Encontros pela vida
São Paulo, 19/04/2011

Não achei a referência ao pintor.
Algumas mulheres
valem uma noite.

Algumas mulheres
valem uma vida.

Seja qual for o tempo
que você tenha
viva-o intensamente.

Devemos apenas
nos permitir ser,
realmente sentir,
para poder
então entender
que o tempo
pode eternizar
a maravilha
do que buscamos:
viver!

Daniel Braga

sábado, 1 de outubro de 2011

Lágrimas de um gárgula

Lágrimas de um gárgula
Rio de Janeiro, 18/04/1997

Estranha
é a sensação
de nostalgia.
Viver
com os momentos
de outrora,
bons e ruins.
Muitas vezes
se sofre pelos erros,
pelo que não foi dito,
pelo que não foi feito.
Outras,
são chopps solitários
em mesas de bar.
Engraçado,
a boêmia
mantém muitas lembranças
e com uma caneta de garçom
que escorrega por guardanapos
em movimentos
ordenados de paixão
cria-se as páginas
de um homem,
que já amou
e que vive
vagando pelas esquinas de si mesmo.
A noite é boa,
é calma
e o acolhe,
sem nada falar,
sem lhe criticar.
Acostumado,
ele segue.
Somente divide
suas coisas
com sua angústia.
Mas ao perguntar
se ele não gostaria
de amar alguém,
verá a dúvida e
o medo.
Sofrer não está
nos planos de ninguém,
e o homem já sentiu
muito forte
os dois lados
e sabe que eles não
caminham separados.
Aos poucos
seu muro fica maior,
a fechadura de seu baú
fica mais emperrada
e em si ele se fecha.
Sua figura é forte
e enigmática,
formas de esconder
seus anseios,
seus fantasmas,
suas infantilidades.
Seus amigos
sentem pena.
Suas mulheres
não entendem.
Sua família
tem medo,
de sua loucura e
seu desespero.
Suas emoções
são como um vulcão,
incontrolável,
magnífico e
lindo.
Mas suas explosões
são escondidas
e se demonstram
por um choro,
o choro de uma estátua.
Gotas que resumem
muitas palavras,
muitos momentos,
muitas atitudes.
São lágrimas de um gárgula
que tem o dom
de espantar os fantasmas
de quem conhece
mas não sabe lidar
com seus próprios.
Coisas que só ele conhece,
rachaduras e feridas,
pedra e carne,
fingir e sentir.
E o homem segue
com suas músicas de fundo
que só ele ouve
no drama
que ele próprio criou.
Cansado
ele ri da vida
e se diz apaixonado
por ela.
Mal sabe ele
que a está traindo
por não estar vivendo.
Viver com pressa!
Com paixão!
Com vontade de gritar para todos
que é feliz!
Será que existe
a felicidade para ele?
E o amor?
Enquanto isso,
por dentro
seu pranto aumenta,
e ele só tem uma certeza
que são sim,
lágrimas de um gárgula.

Daniel Braga