segunda-feira, 4 de abril de 2011

Eco

Eco
Rio de Janeiro, 07/04/1997


O grito - Vicent van Gogh
Mais uma vez a música
ecoando no vazio de mim.
A cada eco
uma angústia
e a vontade de gritar.
Falar ao mundo
o que eu não sei.
Mostrar a todos
o que eu quero que vejam.
E a farsa se monta
no palco da vida.
Mas é um papel estranho
onde não posso falar.
Estou só
e continuo só.
Mais um eco.
Vivo fagulhas de felicidade
na escuridão de uma tristeza.
É frio
e estou com medo.
Medo de ficar sozinho.
Não me mexo
apavorado, não avanço.
Sou a mesma criança,
assustada.
E a cada música
um sentimento diferente.
Lembrança de rostos
que me ignoram.
E mais um eco.
Só me restaram
as linhas que escrevi.
Um mapa
que não esconde tesouros.
Onde piratas já navegaram
mas se perderam.
São águas bravas,
com rochedos perigosos.
Fica somente o mistério.
O meu mistério
e o eco.
Viver e não entender,
caminhar como um cego,
dando passos cuidadosos
e somente imaginando onde está.
Ouvir sons e palavras
duras sempre
e rir
sem ter porque.
A música se repete,
criando mais dores,
mais sonhos.
Preciso acordar para a vida,
e não só
ouvir ecos,
gritos de fantasmas que
à muito já morreram.
Pedaços de alguém
que já foi puro,
que já sorriu,
que já sonhou,
que já viveu
muito...
muito...
muito...

Daniel Braga

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